“É preciso arriscar tudo na busca do conhecimento. Se puderes responder minhas perguntas com sabedoria, terás provado ser digna”, diz a nobre criatura sobre o pedestal, onde antes havia uma estátua. “Pelos deuses! A estátua ganhou vida”, responde Kassandra, a personagem jogável. A criatura protesta: “Eu não sou uma estátua, criança”, então revela a sua identidade. Ela é a Esfinge, “Guardiã da verdade e do conhecimento” e chefe lendário de Assassin’s Creed Odyssey. Não surpreendentemente, o game também inclui um quebra-cabeça: o enigma da esfinge.
A Esfinge na mitologia
Na mitologia grega, foi a deusa Hera quem enviou a Esfinge. Fez isso no intuito de punir Tebas pelo crime de Laio, que raptara o jovem Crisipo, por quem se apaixonou. A criatura lendária habitava o monte a oeste da cidade, aterrorizando a área e devorando quem cruzasse seu caminho. Antes, no entanto, confrontava os viajantes com enigmas. Caso não fossem capazes de decifrá-los, eram mortos.
Édipo encontrou a Esfinge logo que chegou a Tebas. O encontro do herói com a criatura lendária foi eternizado em vaso de cerâmica ática (figura abaixo). Ele usa a capa e gorro de viajante, e segura um par de lanças de caça. O monstro, sobre um pedestal, tem cabeça de mulher, corpo de leão e asas de águia.
A fim de testar os viajantes, a Esfinge perguntava: “Qual é o ser que pela manhã caminha com dois pés, à tarde com três e à noite com quatro”. A solução é “o homem” (como representação das fases da vida), porque ele engatinha na primeira infância, depois caminha sobre dois pés e, por fim, se apoia em uma bengala na terceira idade. Outro enigma eventualmente lançado pela Esfinge era: “Há duas irmãs: uma gera a outra e a segunda é gerada pela primeira”. A resposta é “o dia e a noite” (o substantivo dia é feminino em grego; por isso, o dia é “irmã” da noite). Édipo respondeu sem problemas, e o monstro não apenas ficou desesperado como se atirou de um penhasco. Édipo foi o único a solucionar o enigma. Pelo menos, até AC Odyssey.
Um chefe lendário diferente dos outros
Vimos que a Esfinge, na mitologia, é um monstro com cabeça feminina, peito, patas e cauda de leão, e asas de ave de rapina. A sua representação em AC Odyssey, portanto, combina com essa descrição. Exceto pela ênfase nos traços de águia, já que o seu design inclui garras e penas douradas que revestem seus ombros e o tronco. A cauda de serpente, por outro lado, é uma característica mais associada à Quimera. De acordo com o livro The Art of Assassin’s Creed: Odyssey (2018), a Esfinge que vemos no game é a mistura desses dois monstros. Nobre e com porte aristocrático, é a criatura mítica mais bonita do jogo.
No game, a luta com a Esfinge não é física, como acontece com os demais chefes lendários. Ela consiste em adivinhar os três enigmas, cujas respostas devem se associadas a símbolos nas paredes. Se o jogador errar qualquer um deles, morrerá instantaneamente. Terá que recarregar o último jogo salvo e recomeçar do zero. Além do design do monstro, a prova em si é bem fiel à mitologia, não um mero combate corpo a corpo. Posteriormente, o jogador descobrirá que a Esfinge tem relação com o Projeto Olympos.
Referência
Dicionário de mitologia grega e romana (2011), de Pierre Grimal.
Como citar este artigo? (ABNT)
REIS FILHO, L. A Esfinge: chefe lendário em AC Odyssey, Projeto Ítaca. Disponível em: https://projetoitaca.com.br/a-esfinge-chefe-lendario/. Acesso em: 30/12/2024.