
Mulan: a lenda chinesa que inspirou o filme
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Quando falamos em mitologia asiática, falamos de uma incrível diversidade cultural que se desenvolveu ao longo dos séculos em lugares fascinantes. Ela abrange países como Índia, China, Tibete e Japão, ou regiões como a Ásia Central e sul asiático, cada um com suas próprias tradições, mitos e lendas. As histórias que surgiram nesses lugares evocam temas arquetípicos como a jornada do herói, a luta entre o bem e o mal, rituais sagrados e visitas ao mundo dos mortos. Nelas, encontramos deuses poderosos, espíritos ancestrais, guerreiros corajosos, lugares sagrados e aventuras épicas. E tudo isso se manifesta nas artes e na cultura dos povos locais! Além disso, vamos perceber como a mitologia asiática invadiu a cultura pop do Ocidente, estreitando os laços entre os dois lados do globo! De filmes e séries de TV a games e quadrinhos, a influência asiática é cada vez mais presente na cultura pop mundial. É hora de conhecer a riqueza cultural de uma parte do mundo tão distante e, ao mesmo tempo, tão próxima de nós.
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A Ásia é um continente culturalmente diverso, com enorme variedade de mitos, lendas e ritos, bem como religiões e crenças. A fé hinduísta, que se desenvolveu na Índia em torno de 1900 a.C., criou muito da estrutura dos mitos indianos. Em sua origem, eles circulavam oralmente e eram transmitidos assim. É o caso dos grandes poemas épicos indianos Ramayana e Mahabharata, que descrevem a vida dos deuses. No entanto, o hinduísmo não foi a única fé a influenciar a mitologia asiática.
O budismo chegou à China no século III a.C., vindo da Índia. Cerca de um século antes, Sidarta Gautama nasceu na região do Nepal. Ele se tornou Buda, ganhou muitos seguidores e seus ensinamentos se espalharam da Índia para todo o continente asiático, influenciando os mitos de nações como Japão, China e Coreia. Do século I a.C. em diante, o registro de contos se popularizou naquelas partes da Ásia. Redigiram-se os mitos em sânscrito, que se tornou a principal língua escrita do hinduísmo, do budismo e de outras crenças que tiveram origem nessa região.
Na China, a primeira dinastia real surgiu em torno de 2200 a.C. Ao longo dos séculos, o alcance político dos seus governantes se estendeu da sua base de poder, na China central, para a Ásia. O alfabeto chinês então se desenvolveu durante o segundo milênio a.C. Como resultado, estudiosos puderam compilar os mitos e lendas em O clássico das montanhas e mares. Posteriormente, fizeram os Registros históricos das três divindades soberanas e os cinco deuses de Xu Zheng. Houve grande interação entre a mitologia chinesa e o confucionismo, o taoísmo e o budismo. Seus elementos foram adaptados a esses sistemas de crenças à medida que se desenvolveram, ou foram assimilados à cultura chinesa.
Na mitologia asiática, é essencial o conceito de dharma, ou seja, a vida em equilíbrio com o cosmos e o mundo. De fato, a busca pelo equilíbrio no céu e na terra é um tema que se destaca nos mitos e lendas locais. Aparece primordialmente na história chinesa de Pangu, gigante chifrudo que nasceu de um ovo cósmico em meio ao caos. Ele não suportou viver dentro do ovo, então quebrou a casca. A clara se tornou o céu e a gema, a terra; já os cacos maiores viraram o sol e a lua, e os menores, as estrelas.
Pangu veio trazer ordem a um universo disforme, afinal, foi o gigante furioso quem separou a “escuridão” Yin da “luz” Yang – tradução literal dos termos. Assim, ele garantiu o equilíbrio entre esses princípios opostos da natureza. O equilíbrio é o tema principal do pensamento taoísta. De acordo com o I Ching, o antigo livro chinês da adivinhação, as catástrofes naturais ocorrem pelo desequilíbrio entre Yin e Yang.
A busca pelo equilíbrio reflete princípios opostos, isto é, o dualismo tão presente na mitologia asiática. O mito japonês sobre a rivalidade fraterna entre os deuses Amaterasu e Susanoo, por exemplo, evoca a luta entre ordem e caos, desordem e harmonia. Igualmente, os mitos do zoroastrismo têm base no dualismo cósmico. Afinal, o deus Ahura Mazda criou um mundo puro, que o espírito Ahriman atacou com velhice, doença e morte. Essas divindades gêmeas são opostos exatos: criador e destruidor.
O tema da busca pelo equilíbrio ressurge no mito coreano de Jumong, o rei sagrado do Oriente e fundador do reino de Koguryo (que se estendia da península coreana ao sul da China). A história traça a criação desse novo Estado e a fundação de uma dinastia duradoura. Por conseguinte, Jumong foi adorado como um deus-rei pelo povo da região.
Jumong revela outro tema bastante comum, o das figuras lendárias que se relacionam com os mitos de fundação. Esse é o caso de Dan’gun Wanggeom, fundador do primeiro reino coreano, ou Yi, o famoso arqueiro que salvou o mundo de dez sóis flamejantes. Entretanto, dos mitos de fundação da Coreia, o de Dan’gun é um dos mais antigos. De acordo com sua história, todos os coreanos descendem do lendário fundador do reino de Choson. O mito consolidou na cultura coreana a crença de que seu povo é formado por um único grupo homogêneo.
No Japão, Izanagi e Izanami são os deuses celestes que criaram o país – da sua união, nasceram todas as suas ilhas. Também conceberam vários espíritos a fim de representar os aspectos naturais japoneses. O xintoísmo, principal religião da Terra do Sol Nascente, inspirou-se nessas crenças. Sua característica básica é a adoração a kami, isto é, espíritos ou forças da natureza que habitam elementos da natureza, como as rochas ou os rios. Entre eles há os ancestrais venerados, que exercem o papel de guardiões e recebem oferendas. Tradicionalmente, consideravam-se os imperadores descendentes diretos dos mais importantes kami.
A ideia de divindades que assumem muitas formas é comum nos mitos e lendas de todo o mundo, mas sobretudo na mitologia asiática. A clássica lenda chinesa de Sun Wukong começa com a união do céu com a terra. Dessa união, criou-se uma rocha mística em forma de ovo, que emergiu da montanha das Flores e das Frutas. Do ovo, nasceu um macaco chamado Sun Wukong. A princípio, ele brincava com outros animais da montanha, mas sua ambição cresceu e ele se declarou o rei dos macacos.
Com seu novo status, Sun Wukong ficou extremamente poderoso. Ele se tornou um grande lutador, era capaz de se transformar em 72 animais e objetos diferentes e cobria metade da volta ao mundo em um único pulo. Sua arma era um cajado dourado, que mudava de tamanho conforme a necessidade. A lenda do Rei Macaco é bastante popular. Na cultura pop, inspirou a franquia Dragon Ball, de Akira Toriyama, a série As Novas Aventuras do Macaco (2018-2020) e vários games.
A mitologia chinesa, com seus lugares exóticos, seres fantásticos e poderes mágicos, deixou um legado precioso. São muitas as histórias do coelho de jade, dos dragões orientais e dos espíritos da natureza. Junto do horóscopo chinês, todas essas lendas são bastante populares no Ocidente. Também relacionada aos mitos, a antiga arte chinesa do bronze inspirou as imagens dos Tao Tei, os terríveis monstros do filme A Grande Muralha (2016). Descubra tantas outras referências no Projeto Ítaca!
O livro da mitologia (2018), por Philip Wilkinson e outros.
O livro ilustrado dos mitos (1997), de Neil Philip.
Para entender as religiões (1985), de John Bowker.
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Comece a explorar a mitologia! As lendas e histórias mais antigas da humanidade no cinema, na literatura, nos games e outras mídias.