No último post, vimos como Dark usa a tradicional guerra da luz contra as trevas para contrapor seus personagens. Desse modo, separa de forma clara e até didática os bons dos maus na história. Mas, como também sabemos, muitos personagens ficam na área cinzenta. Um dos grandes exemplos desse dualismo é Claudia Tiedemann.
Como Claudia virou o Diabo Branco
Em princípio, Claudia é uma cientista da usina nuclear de Winden. A sua carreira promissora faz com que se torne a primeira diretora da usina. É nessa posição que ela descobre um segredo bem debaixo do seu nariz.
Visitada por si mesma em 1987, Claudia agora sabe que a viagem no tempo é real. Assim, ela vira peça-chave na manipulação dos eventos que se desenrolam em Winden, ganhando o apelido de “O Diabo Branco”. Então, ela se torna uma viajante do tempo e a principal oponente da sociedade secreta Sic Mundus na guerra pelo controle das temporalidades. Conforme veremos, ela se torna a luz contra as trevas.
A ciência como uma vela no escuro
Em O mundo assombrado pelos demônios (1995), o astrônomo Carl Sagan usa a metáfora da vela para definir a ciência. Nas suas palavras, a ciência é a luz contra os demônios do obscurantismo que pairam sobre o nosso tempo. Na série Dark (que significa, não por acaso, “escuridão”), duas visões de mundo entram em choque: a religião e a ciência. De um lado, a Sic Mundus; do outro, o núcleo de personagens da usina nuclear.
Sendo Claudia uma representante do mundo da ciência, ela é a luz que se opõe às trevas da moral religiosa e do obscuratismo. Outro membro desse time é Bartosz, neto de Claudia e, portanto, filho da própria usina. Vale lembrar que a usina gera energia, ou seja, luz. Além desses personagens, os policiais também usam métodos científicos em suas investigações.
Visualmente, com seus cabelos grisalhos, bem como pelo seu papel no enredo, a versão mais velha de Claudia é como o mago Gandalf de O Senhor dos Anéis. Isso porque, além de saber mais do que os outros personagens, Claudia assume o papel de guia dos mais jovens. Nesse sentido, a fala “you shall not pass” (você não passará), dita por Gandalf ao monstro Balrog, que perseguia ele e seus amigos, também funciona como metáfora da luz contra as trevas. Gandalf acaba morrendo em combate, apenas para voltar em sua forma luminosa tempos depois, como um “mago branco”.
Referências
O mundo assombrado pelos demônios (1995), de Carl Sagan.
Como citar este artigo? (ABNT)
REIS FILHO, L. A luz contra as trevas em Dark: quem é o Diabo Branco?, Projeto Ítaca. Disponível em: https://projetoitaca.com.br/a-luz-contra-as-trevas-em-dark-quem-e-o-diabo-branco/. Acesso em: 28/11/2024.